A Saga da Fênix Negra foi o primeiro arco realmente épico do mundo dos X-Men. Não só os quadrinhos se tornaram extremamente populares a partir daí, mas também foi um evento que alterou para sempre o universo Marvel e seus personagens.
Confira os eventos que marcam este arco!
Quem é Jean Grey?
A personagem foi introduzida em 1963, em X-Men #1, como a Garota-Marvel, uma telepata poderosa. Porém, no início, ela apenas tinha o poder de mover objetos com sua mente e foi só em 1968, em X-Men #43, que ela ganhou a habilidade de telepatia. É claro que Jean não poderia ultrapassar o Professor X e por isso ela trabalharia apenas como ajudante do mutante.
Foi com o arco A Saga da Fênix que Jean Grey, finalmente, se tornou em uma personagem proeminente na equipe original dos X-Men.
O nascimento da Fênix
A ideia da Fênix surgiu quando o escritor Chris Claremont desejou refazer a personagem de Jean Grey com a intenção de a tornar mais proeminente na equipe de mutantes. Durante décadas, a Marvel teve apenas super-heróis côsmicos masculinos, como o Surfista Prateado, e Claremont também queria mudar isso.
Foi, então, em X-Men #101-108, que vimos como a sensível Jean Grey adquire o poder da Força Fênix, se tornando em um ser de pensamento puro, após ter sido exposta a uma tempestade solar. Aí, ela emergiu com seu novo uniforme e identidade de Fênix, jurando manter seus novos poderes sob controle.
Nasceu com ela a primeira super-heroína verdadeiramente épica, que mudou o rumo de todas as heroínas que viriam depois dela. Isso foi um passo importante na história da Marvel, pois quebrou a tradição de que as heroínas tinham de ser sempre menos poderosas do que os heróis masculinos.
Infelizmente, os poderes da Fênix estavam se tornando muito grandes, obscurecendo os outros membros dos X-Men. A Marvel decidiu, então, que o caminho a seguir seria transformar uma das heroínas mais querida dos fãs em uma super-vilã.
As tentações do Clube Hellfire
Neste período, o vilão Mestre Mental está tentando se provar digno de se juntar à sociedade de super-vilões Clube do Inferno. Com esse objetivo em mente, ele assume a identidade falsa de Jason Wyngarde e seduz Jean na tentativa de tomar controle de seu poder.
Com a ajuda de um objeto criado por Emma Frost, o vilão consegue projetar suas ilusões diretamente na mente de Jean, fazendo com que acredite ser a Rainha Negra do Clube do Inferno.
Eventualmente, ao aceitar essa sua nova identidade decadente, Jean começa a quebrar as barreiras mentais que a haviam protegido do poder destruidor da Força Fênix. Esse episódio passado no Clube do Inferno tem um óbvio tema sexual, com a Rainha Negra vestida com roupas de vinil justas e utilizando um chicote. Esses motivos mostram como a Força Fênix pode ser vista como um despertar sexual para Jean.
Na verdade, a paixão e sedução invocadas pelo Clube são bastante significativas na corrupção de Jean. Existe um tom sexual vitoriano que parece acordar o interior da heroína, fazendo com que ela liberte a sua faceta de Fênix Negra, uma força que a compele para a destruição. E, à medida que a história progride, Jean procura cada vez mais o poder até não o conseguir mais controlar.
Chamando atenções intergaláticas
Naquele período, os X-Men e, particularmente Ciclope, estariam tentando resgatar Jean de suas próprias alucinações. Quando Scott tenta contactar telepaticamente com Jean, o Mestre Mental começa uma batalha psíquica pelo controle de Jean. Essa luta acaba com o vilão eliminando a imagem psíquica de Ciclope dentro da própria ilusão.
Isso causou uma erupção de raiva em Jean que a libertou das ilusões em que estava mergulhada, mas que também a consumiu totalmente pela Fênix Negra.
Em uma tentativa de quebrar seus laços com a entidade inferior de Jean Grey, a Fênix se teleportou até uma galáxia distante. Porém, essa viajem a deixou muito fraca e, para se fortalecer, ela consumiu a energia da estrela D’Bari, causando uma supernova que eliminou a população inteira do planeta que a orbitava.
Agora, a história da Fênix acaba de se tornar intergaláctica, chamando a atenção dos Impérios Shi’ar, Kree e Skrulls. Esses se juntaram em uma tentativa de eliminar a ameaça universal que a Fênix Negra apresentava.
O apelo dos X-Men
De volta à Terra, a Fênix Negra retorna à casa de infância de Jean, sentindo um conflito interior entre os sentimentos da heroína pelos seus entes queridos e os fortes impulsos da Força Fênix.
Aí, os X-Men a esperavam e Xavier consegue reduzir os poderes de Jean aos da original Garota-Marvel, permitindo que ela assumisse novamente o controle de sua mente.
A Saga da Fênix altera, assim, seu foco para os personagens e não para as lutas. Na verdade, a parte mais difícil da batalha para os X-Men é o fato de enfrentarem um membro de sua família que se encontra perdido e que eles desesperadamente tentam trazer de volta.
O sacrifício de Jean
Finalmente a Fênix está contida, porém Jean não consegue escapar de seus pecados do passado. Os Shi’ar, Kree e Skull voltaram, declarando Jean culpada de genocídio à escala intergalática e a sentenciando à morte.
Porém, o Professor X consegue persuadir a Imperatriz Lilandra a aceitar o Arin’n’Haelar, um duelo de honra Shi’ar que não pode ser recusado, para determinar o destino da mutante.
No dia seguinte, os X-Men e a Guarda Imperial Shi’ar são transportados para a Área Azul da Lua onde começa a batalha. Os mutantes sentem dificuldade em combater os Guardas e, quando Jean vê Scott ser alegadamente morto, seu sentimento de culpa liberta novamente a Fênix Negra.
Felizmente, Jean recupera sua consciência por momentos, tentando com todas suas forças conter a Força Fênix. Mas ela sabe que a ameaça é permanente e, como solução, ativa uma arma dos Kree que a desintegra após um adeus emocional a Ciclope.
O impacto da morte de Jean Grey foi grande entre os fãs, pois nunca tinha havido nenhuma morte como essa na Marvel. Além dela ser uma das personagens mais antigas dos quadrinhos, as mortes dos super-heróis ainda eram permanentes em uma altura anterior ao retorno de Bucky como Soldado Invernal ou Jason Todd como Capuz Vermelho.
O legado da Fênix
O final original pensado por Claremont passava apenas pela remoção dos poderes de Jean pelos Shi’ar. Porém, o editor Jim Shooter acreditava que os crimes da Fênix eram demasiado graves para esse ser apenas o seu castigo, forçando o autor a rever as últimas cinco páginas da HQ.
A morte de Jean foi tão difícil para o público em geral que a Marvel acabou trazendo a heroína de volta em Vingadores #263, em 1986.
A explicação dada era que a verdadeira Jean Grey estaria sendo roubada de seu corpo e memórias pela Força Fênix, sendo a Fênix Negra uma impostora maléfica. É claro que reviver a personagem abriu caminho a um debate feroz entre aqueles que apoiavam o seu regresso e aqueles que o odiaram.
Na verdade, os X-Men nunca mais foram os mesmos após este arco. Os mutantes ficaram uma equipe mais sombria, cautelosa e se policiando constantemente para evitar que outros membros pisassem a linha que separa um herói de um vilão.
Mas o mais trágico foi que, a partir daí, os mutantes não estavam mais lutando contra o mal, mas sim pelas suas vidas, em um mundo que os via cada vez mais como seres hostis.