A chegada antecipada do terceiro título da franquia Cloverfield pegou todo mundo de surpresa, definitivamente.
Depois de Cloverfield: Monstro e Rua Cloverfield 10, os fãs do trabalho de J. J. Abrams puderam finalmente juntar mais uma peça do quebra-cabeças para desvendar um dos principais mistérios dos filmes: de onde saíram aqueles monstros gigantes e assustadores?
Ao que tudo indica, The Cloverfield Paradox nos dá uma explicação bastante clara do que aconteceu. Mas, ao mesmo tempo, o longa consegue criar um gigantesco nó na trama, fazendo com que seja difícil seguir a lógica da história.
Antes de sair por aí "xingando no Twitter", confira algumas considerações que você precisa ter em mente para conseguir entender o que realmente está por trás do universo Cloverfield.
Atenção: este artigo contém spoilers sobre O Paradoxo Cloverfield e os demais filmes da franquia.
O futuro desencadeou tudo!
Antes de tudo é preciso deixar claro que a história de The Cloverfield Paradox se passa no futuro (ano 2028, para ser mais preciso).
A Terra está enfrentando uma grave crise energética e ameaças de guerra estão espalhadas por todo o globo. Como última alternativa antes de cair no caos da destruição, um grupo de cientistas vai para a estação espacial Cloverfield, na órbita do planeta, com a missão de testar uma nova fonte de energia.
O Shepard é um poderoso acelerador de partículas que promete restaurar a estabilidade na Terra. Mas, ao invés disso, esta tecnologia se torna a chave para uma situação caótica e que ameaça muito mais do que a vida terrestre.
E para não deixar dúvidas sobre a importância que o Shepard teve para o desencadeamento de todos os eventos dos outros filmes, temos a entrevista dada por Mark Stambler (sim, este nome é mesmo familiar) pouco antes do fatídico acidente com o acelerador de partículas.
"Porque aquele acelerador é mil vezes mais poderoso do que qualquer outro. Sempre que o testam, arriscam abrir a membrana espaço-temporal, misturando múltiplas dimensões, estilhaçando a realidade. E não só naquela estação, em todo o lado. Esta experiência pode causar o caos como nunca vimos. Monstros, demônios, criaturas marinhas... Não só aqui e agora, mas também no passado, no futuro, em outras dimensões..."
Basicamente, o acidente com o acelerador de partículas não fez apenas com que a estação Cloverfield viajasse para outra dimensão. Shepard provocou uma "ferida" no manto do espaço-tempo, fazendo com que partículas e moléculas de múltiplas dimensões se misturassem. Não apenas do presente, como também do passado e do futuro!
Em resumo, este episódio alterou a realidade de todas as infinitas dimensões, assim como as suas respectivas linhas do tempo. E atenção, este é um detalhe muito importante que precisamos ter em mente quando formos comparar O Paradoxo Cloverfield com os outros filmes da antologia.
Cada filme, uma realidade diferente
Para conseguirmos entender a relação entre os filmes da franquia Cloverfield precisamos abraçar a ideia de múltiplas dimensões, realidades e linhas do tempo.
Isso significa que a Terra que vimos em Cloverfield: Monstro não é a mesma de Rua Cloverfield 10 e, muito menos, a mesma de O Paradoxo.
No primeiro longa da franquia a Terra não está enfrentando uma crise energética, como acontece no último título. Na verdade, a vida das pessoas no filme parece bastante semelhante ao que vivemos atualmente no mundo real. Ou seja, naquela realidade a Terra não está enfrentando o caos que os membros da estação Cloverfield estão familiarizados.
O mundo em Rua Cloverfield 10 também é totalmente diferente dos outros dois, inclusive a ameaça aparenta ser outra. Muita gente pode interpretar isso como um erro, mas mais uma vez precisamos lembrar do que Stambler disse pouco antes do acidente com o Shepard.
O acelerador de partículas "estilhaçou a realidade", fazendo com que elementos de diferentes dimensões se chocassem contra si. Ou seja, coisas que são comuns em determinada dimensão e linha do tempo podem surgir em outras realidades, outras dimensões e em outros períodos.
Os alienígenas vistos em Rua Cloverfield 10 (que se passa em 2016), podem ter surgido naquela dimensão vindo de um futuro distante, onde a Terra está sendo visitada por essas criaturas de outras galáxias.
Detalhes que fazem toda a diferença
The Cloverfield Paradox nos dá alguns exemplos de como esses "elementos" de diferentes dimensões e realidades podem se misturar uns com os outros em dois momentos: o aparecimento de Jensen (Elizabeth Debicki) e a perda do braço de Mundy (Chris O'Dowd).
Quando a estação Cloverfield foi enviada para outra dimensão, a equipe da nave encontra uma mulher presa dentro da parede, com cabos de eletricidade atravessando o seu corpo. Esta é Mina Jensen, a engenheira que substitui Tam (Zhang Ziyi) naquela dimensão. Como partículas e moléculas de duas dimensões diferentes estão sobrepostas, Mina se materializa naquele local.
Assim como Jensen, que se materializou dentro da parede da estação Cloverfield, outros elementos de diferentes dimensões estão se chocando. Ou seja, coisas que pertencem a uma realidade X estão surgindo em outras dimensões.
Como as partículas das infinitas dimensões estão interagindo e lutando para ocupar o mesmo espaço no multiverso, cenas surreais como a do braço de Mundy passam a fazer mais sentido.
O universo tentando corrigir o erro de Shepard
O Paradoxo Cloverfield recebeu muitas críticas negativas. O enredo foi o principal alvo, principalmente por apresentar algumas discrepâncias e situações que simplesmente não convencem o espectador.
As mortes bizarras e aleatórias dos personagens é um exemplo que não agradou muitos dos fãs. Mas, existe uma teoria que explica o motivo desses acontecimentos "forçados" e, se abrirmos um pouco a mente, podem de fato fazer total sentido.
Precisamos lembrar que na dimensão em que a nave Cloverfield foi parar (a realidade de Jensen), todos os membros da estação espacial já estavam mortos, com exceção de Ava (Gugu Mbatha-Raw).
Assim, para tentar restabelecer o equilíbrio daquela dimensão, o universo começou a agir de modo a eliminar aquelas "partículas intrusas". Ou seja, matar quem era suposto estar morto naquele mundo.
Mas afinal, de onde surgiram esses monstros?
Levando em consideração a ideia de que o manto dimensional foi gravemente ferido pelo acidente com o acelerador de partículas, podemos estar livres para imaginar o inimaginável.
Os monstros que aterrorizam a Terra em 2008 e em 2028 podem existir em uma dimensão onde essas criaturas de fato são comuns na Terra. Pode ser que daqui há milhões de anos, assim como existiam os dinossauros no passado, esses animais tenham evoluído e vivam na Terra.
Vale sempre lembrar, não são apenas as dimensões que foram misturadas, mas também as linhas temporais dessas realidades. Coisas do passado no futuro, elementos do futuro no presente e vice-versa. O acidente com o Shepard libertou o caos nunca antes visto, como profetizou Mark Stambler.
Tagruato, o grande vilão?
Como já era suspeito desde o primeiro filme da franquia, a empresa Tagruato mais uma vez aparece como o principal nome por trás de toda essa tragédia.
Existem alguns easter eggs no filme que mostram o nome da empresa na estação espacial Cloverfield. Mas, um comunicado que pôde ser visto durante a campanha de marketing viral de The Cloverfield Paradox, torna-se a grande pista sobre o envolvimento desta companhia japonesa com a construção do acelerador de partículas.
"Tokyo, 18 de Janeiro de 2018: Tagruato começou a desenvolver uma nova e revolucionária tecnologia que o CEO Garo Yashida chamou de “um salto gigante para frente para o nosso planeta”. Essa tecnologia renovável demorará pelo menos 4 anos pra ser completada, além de outros seis anos para que os órgãos regulatórios internacionais tragam essa fonte de energia revolucionária por volta de 18 de Abril de 2028."
Claramente o aviso é uma referência à estação Cloverfield e ao Shepard.
O que esperar de Cloverfield 4: Overlord?
O Paradoxo Cloverfield foi o primeiro filme da franquia a não ganhar estreia nos cinemas (foi direto para a Netflix). E, provavelmente, foi o longa que menos agradou aos fãs e críticos especializados.
Mas, mesmo com todo esse peso nas costas, já temos a confirmação de um quarto título para a antologia: Cloverfield Overlord!
O filme já está pronto e tem previsão de lançamento agendado para outubro de 2018. Desta vez a trama se passará durante a 2ª Guerra Mundial, mais precisamente um dia antes do Dia-D, quando os Aliados começaram a derrotar os Nazistas.
Algumas teorias sugerem que neste filme não veremos monstros ou alienígenas, mas outro tipo de anormalidade que poderia existir em algum universo alternativo. Zumbis? Demônios? Seres sobrenaturais? As opções são extensas e, levando em consideração o que foi apresentado em Paradox, melhor estarmos preparados para qualquer coisa.
Uma saída fácil? Provavelmente
O Paradoxo Cloverfield não é um grande filme, mas o fato de abrir essa possibilidade de eventos multidimensionais, choques de realidades, universos e tempos pode ser interessante, principalmente para os aficionados no assunto.
J. J. Abrams abriu um leque praticamente infinito de caminhos a seguir, o que pode representar um grande erro... Se pensarmos bem, qualquer filme pode ser feito e classificado dentro do Cloververse. Afinal de contas, se algo não se encaixar bem no enredo, podemos sempre recomeçar em uma nova dimensão.