“Honor”, o nono episódio da temporada atual, mostrou a despedida dolorosa de um dos personagens icônicos da série. Carl Grimes, o garoto que todos os fãs viram crescer, está oficialmente morto no universo televisivo de The Walking Dead.
Mas o Carl Grimes dos quadrinhos está ainda vivo nas páginas de Robert Kirkman, e continua tendo um papel fundamental no apocalipse zumbi. Como pode agora a série preencher esse vazio? Talvez a resposta tenha já sido dada no episódio “Honor”.
Spoilers para The Walking Dead (série e HQ).
Henry, o substituto?
Henry é o garoto d’O Reino que se transformou com a morte de Benjamin, seu irmão mais velho, às mãos dos Salvadores. Ainda uma criança, Henry está aprendendo a lidar com o luto e a perda do mesmo jeito revoltado e perigoso que Carl lidou com a morte da sua mãe.
Tal como ele diz em “Honor”, Henry aprendeu a lutar com o bastão com Morgan e Carol ensinou a ele a usar uma arma de fogo. Ele mostra vontade de fazer justiça com suas mãos, e a raiva escala ao ponto de surpreender todos quando mata Gavin pelas costas, perfurando seu pescoço com um bastão afiado.
Isto acontece quando Morgan está decidido a matar Gavin mas é interrompido por Carol e Ezekiel, que tentam que ele saia da sua espiral negativa mortífera. Quando é afinal Henry quem mata Gavin – simbolicamente, com o familiar bastão – Morgan entende o quão longe desceu e o preço alto a pagar pela consciência daquele sangue nas mãos de uma criança.
O garoto que Carl matou
Não parece ser uma coincidência que Carl fale de uma memória que pesa na sua consciência no mesmo episódio em que vemos uma morte chocante executada por um menino. Carl relembra a Rick que matou um garoto no fim da guerra com o Governador, um menino que não ofereceu resistência e entregou sua arma. Carl disparou na cabeça dele, chocando Beth e Hershel do mesmo jeito que Carol, Ezekiel e Morgan ficaram chocados com a ação de Henry.
Embora Carl tenha se arrependido do que fez, na época dessa morte ele justificou que tinha de fazer o que era necessário, e que não podia arriscar deixar o garoto viver. Isso é exatamente o que Henry faz quando é criticado por Carol por não ter obedecido às suas ordens. Henry também justifica que era necessário matar Gavin, mesmo quando este já não era uma ameaça.
A série nunca seguiu os quadrinhos à risca
Para os fãs da HQ que também assistem à série, não é novidade ver várias mudanças da história original. Personagens como Henry ou Enid não existem nos quadrinhos, e parecem ter sido criados para substituir outros que tiveram um rumo diferente do original. Henry parece seguir os passos de Carl e Enid é a Sophia da HQ, que não virou um zumbi como vimos na segunda temporada.
Carol é uma das personagens que mais ganhou com a transformação televisiva, sendo uma guerreira na série ao contrário da HQ; já Andrea foi das que mais perdeu, tendo morrido na terceira temporada e seu lugar como mulher de Rick foi entregue a Michonne.
Embora seja complicado ver como a série pode seguir sem Carl, a verdade é que sempre habituou os fãs a essas mudanças inesperadas.
Judith será a motivação para Rick continuar
Na despedida de Carl a Judith, existe um momento emocionante em que o irmão entrega seu chapéu de xerife à bebê, dizendo a ela que o chapéu era do pai e agora será dela. Este gesto tem um significado importante não só no impacto emocional, mas porque mostra Carl passando seu legado à irmã.
Antes de morrer, Carl pede ao pai que lute por um futuro pacífico, onde as guerras constantes não sejam uma realidade e onde possa existir lugar para segundas chances. Na visão de Carl, é Judith quem leva Rick pela mão, numa comunidade que acolheu novamente Eugene e até aceita Negan no seu meio.
Embora não exista a certeza que essa visão possa algum dia se tornar realidade, a última promessa de Rick ao seu filho é de que vai seguir os seus conselhos. Rick Grimes lutou durante anos para que Carl não perdesse a sua humanidade, e agora será ele mesmo quem terá de manter a luz dentro de si. Com a morte do filho, será Judith quem servirá para lembrar a Rick a promessa que fez. Como uma criança nascida no apocalipse, ela será a chave para manter a esperança num mundo sombrio como esse.
O que diz Robert Kirkman sobre o futuro da série sem Carl
A ausência de Carl não parece preocupar o criador de The Walking Dead. Robert Kirkman revelou ao Entertainment Weekly que tudo estava preparado para lidar com a ausência do filho de Rick Grimes:
“Existem grandes, enormes histórias chegando que você pode achar que serão massivamente alteradas devido à ausência de Carl. Mas há anos que nós sabemos que essas histórias estão chegando. Existem planos para que tudo funcione. A perda de Carl não significa necessariamente que vamos perder grandes partes da história dos quadrinhos. Isso significa que haverão algumas diferenças. O objetivo é que essas diferenças sejam tão emocionantes para o público como são para mim.”
A morte de Carl fez de “Honor” um dos episódios mais emocionantes dos últimos anos e será certamente um ponto de virada importante na história de The Walking Dead.