Francis Manapul é um dos grandes criadores atuais na DC Comics, e atualmente está escrevendo e ilustrando Trinity, uma HQ que junta Superman, Batman e Mulher-Maravilha. Seu nome é sinônimo de Flash, personagem que ajudou a criar na fase dos Novos 52.
Em sua passagem pela Comic Con Portugal, o Aficionados teve a oportunidade de conversar com o aclamado criador.
Um criador que conhece todos os aspectos dos quadrinhos
O nome de Francis Manapul surge na página da DC Comics junto como uma longa lista de tipos de trabalho. Desde colorista, desenhista, escritor ou arte-finalista, Manapul parece fazer tudo.
Quando questionado sobre o que o leva a assumir diferentes papéis, Manapul assumiu o seu gosto por controlar todos os aspectos da criação dos quadrinhos. Para o artista, é essencial compreender tudo aquilo que é necessário para contar a sua história:
“Como desenhista, muitas pessoas esquecem que nós contribuímos para a narrativa do livro. E eu queria ter um papel maior nisso. Eu queria contar as minhas próprias histórias, queria contar histórias que importavam para mim. E eu senti que se não era capaz de fazer todos esses diferentes aspectos do trabalho, eu não me sentia como um criador de HQ. Eu queria ser capaz de entender todos os aspetos do trabalho, porque eu queria ser mais criador.”
Flash é o seu personagem favorito
Manapul nunca escondeu o quanto adora o Flash desde muito jovem e como isso definiu o seu percurso na DC. O criador explicou como o super-herói se destacou entre muitos outros:
“Quando eu era adolescente, Flash foi a primeira HQ que comprei para mim. Enquanto crescia, meus pais me compravam Superman e Batman porque esses são os personagens que todo mundo conhece. E o Flash foi o primeiro personagem que escolhi para mim. Nessa época, Mark Waid, Mike Wieringo, e Oscar Jimenez estavam trabalhando em esse livro e a história, a arte… eu me apaixonei pelo personagem. Então, a partir desse momento, se tornou um objetivo meu trabalhar no Flash.”
A experiência de trabalho em Flash
Durante muito tempo, Francis Manapul alimentou o desejo de trabalhar com seu super-herói preferido. Quando finalmente teve a oportunidade, o artista sentiu que ficou agradecido por não ter acontecido muito cedo em sua carreira, ou poderia ter cometido muitos mais erros.
Ainda assim, Manapul admite que fez vários erros em Flash mas que tudo isso faz parte de um processo de aprendizagem:
“Acho que, artisticamente, pelo menos, eu estava preparado quando consegui a HQ. Sabe, do ponto de vista da escrita, eu ainda estava me desenvolvendo como jovem escritor, então aprendi muito no Flash – algo que espero estar traduzindo para Trinity que está agora sendo escrita, que sinto ser uma história mais forte e muito mais pessoal.”
Francis Manapul é fã da série The Flash
Algo inevitável para um fã do super-herói, não é verdade? O autor canadense gosta muito do humor da série:
“O que acho que ótimo é que tem um bom senso de humor. Para um personagem tão visual, isso realmente funciona. Não se levar muito a sério permite que seja um tipo de história muito mais acolhedora.”
Será que os filmes e séries criam limitações na criação dos quadrinhos?
No mundo de hoje em dia estamos rodeados de histórias de super-heróis no cinema e na televisão. Vários fãs dos quadrinhos temem que isso seja algo que coloque pressão nos criadores de HQ ou crie alguma limitação no seu trabalho. Manapul afastou essa ideia e revelou que pode ser exatamente o oposto:
“Algo bom na DC Comics e no grupo editorial é que eles nos permitiram levar as histórias para onde queríamos e não nos sentirmos na obrigação com os filmes. Em alguns aspectos, muitas das coisas das séries de TV são inspiradas pelas coisas que fizemos nos quadrinhos. Então, ao invés de uma imitação da nossa parte, nós seguimos em frente para fazer as histórias que eventualmente vão inspirar eles no futuro.”
Os desafios de Trinity
Atualmente desenvolvendo a HQ Trinity, o autor canadense está escrevendo uma história que junta Superman, Batman e a Mulher-Maravilha:
“O maior desafio com Trinity é o fato do Superman ter outros 5 livros, Batman ter outros 100 livros e a Mulher-Maravilha ter mais 1 livro. Mas o desafio é que cada um desses livros são os livros principais para esses personagens. Então eles estabelecem as regras e a continuidade. Eu não posso fazer nada que contradiga o que eles estão fazendo em seus livros. Preciso ser muito cuidadoso com o que acontece nas minhas histórias.”
Nesta história em quadrinhos, Manapul aborda os laços entre os 3 super-heróis e sente que faltava uma visão mais intimista nos livros da DC, sobre a interação entre esses 3 personagens:
“[a interação] não tem sido muito amigável ou muito profunda. É principalmente superficial e se juntam para lutarem contra algum vilão. O objetivo que tenho em Trinity é estabelecer um laço mais profundo entre os 3. A ideia é que eles sejam amigos, têm que se entender para que o mundo possa ter uma chance.”
Influência na história da DC
Estando na DC Comics há muito tempo, Manapul se tornou um grande nome dentro da editora. Como será que ele mesmo vê a sua influência nos quadrinhos da DC?
“Sinto que estou apenas começando. Não sinto que já tenha chegado ao topo. Quanto muito, sinto que estou melhorando. Não acho que a marca que vou fazer na DC já tenha acontecido, creio que ainda estou trabalhando nisso.”
O mistério de Broken Hollow
Francis Manapul anunciou em 2015 que estava criando o seu primeiro livro de quadrinhos independente, chamado Broken Hollow. O autor tem mantido o projeto em segredo, mas revelou alguns detalhes nesta entrevista:
“Brian Bucellato, é o meu parceiro de escrita em Flash. [Broken Hollow] é onde voltaremos a nos reunir. Estamos trabalhando em projetos separados e este vai ser o trabalho onde finalmente vamos nos juntar. Eu não quero criar expectativas sobre que tipo de livro vai ser. É uma mistura de muitas coisas que gosto muito. De ficção científica a western... obviamente com Westworld isso agora é muito popular. Então essa é a razão pela qual não quero falar muito sobre essa parte. Ainda está sendo desenvolvido.”