Depois de muitos atrasos na produção e data de lançamento, finalmente chegou aos cinemas o filme sobre o medonho Slender Man, personagem de uma das lendas urbanas mais populares da internet.
Slender Man: Pesadelo Sem Rosto é dirigido por Sylvain White (Os Perdedores), e tenta mostrar quais os "efeitos colaterais" que a criatura sem rosto provoca naqueles que resolvem contactá-la.
Confira a nossa crítica (SEM SPOILERS) de Slender Man: Pesadelo Sem Rosto.
Um enredo muito pobre...
Ao contrário do que o trailer supostamente prometia, Slender Man: Pesadelo Sem Rosto é um bolo insosso recheado com os clichês mais básicos que há.
O enredo base fala sobre um grupo de adolescentes que, de uma hora para outra, simplesmente decide invocar Slender Man através de um tutorial que acham na internet. Isso mesmo, existe um passo-a-passo de como entrar em contato com a criatura e as jovens, entediadas, resolvem experimentar. Aliás, por uns breves momentos parecia que estávamos a ver uma continuação tosca de O Chamado do que qualquer outra coisa.
Mas ao contrário do terror psicológico que Samantha e os últimos sete dias de vida despertam nos espectadores em The Ring, em Slender Man o suspense fracassa totalmente. As cenas são muito previsíveis e nada assustadoras. Algumas chegam a ser mesmo ridículas.
Slender Man aparece muito pouco no filme e, quando finalmente se revela, sua figura não é nada impressionante. Digamos que será muito pouco provável que você perca o sono ao lembrar dele.
Para quem conhece a lenda do Slender Man é frustrante ver o caminho que o longa traçou para contar a sua história. Talvez se o enredo fosse mais vincado nos aspectos psicológicos que a creepypasta pode despertar em algumas pessoas, tirando o foco da simples perseguição entre a criatura e a sua presa, o filme teria sido bem mais interessante.
Personagens sem personalidade
Wren (Joey King), Hallie (Julia Goldani Telles), Chloe (Jaz Sinclair) e Katie (Annalise Basso) são as protagonistas do filme que, infelizmente, faz questão de não explorar a história de nenhuma das meninas.
Mas a culpa não deve cair sobre os ombros das atrizes, mas sim do roteiro mal desenvolvido de David Birke (Ela), que não consegue criar diálogos convincentes ao longo de toda a trama. Não criamos qualquer tipo de ligação com as personagens, ou seja, não desenvolvemos empatia com os conflitos que estão enfrentando.
Sinceramente, chega a um ponto que pode ser indiferente para o espectador se as meninas vão enlouquecer, desaparecer ou morrer.
Forçando (muito) a barra
O filme se apropria dos novos meios de comunicação na tentativa de se aproximar da realidade dos jovens, mas até nisso consegue falhar. Um bom exemplo de como o uso da tecnologia é ridículo e exagerado, sem dar spoilers, está nas cenas em que Slender Man se aproxima das garotas para atacar. É digno da franquia Todo Mundo em Pânico (Scary Movie).
As cenas com computação gráfica também são muito fracas, dando a impressão que estamos assistindo a um filme trash do final dos anos 90.
Mas, particularmente, uma das coisas que mais incomoda é a tentativa sem sucesso de criar uma ambiente assustador.
O barulho exagerado das árvores como presságio da criatura sem rosto, as imagens aleatórias de bosques escuros - aliás, quase todas as cenas são muito escuras, dando a impressão de que não existe sol ou luz elétrica na cidade dessas meninas -, os jump scares que te fazem bocejar... Enfim, é um conjunto de decepções, principalmente para quem acompanhou ao longo dos anos a creepypasta.
O filme perde a credibilidade ao forçar a sensação de isolamento das meninas, que são colocadas em situações que nenhum jovem daquela idade se colocaria. Enfim, como dito, clichês.
Em alguns momentos, por sinal, temos a ligeira sensação de que todas elas estão vivendo dentro de um sonho. Se pensarmos por essa perspectiva, o filme até que pode não ser totalmente intragável. Afinal de contas, seria apenas mais uma forçação de barra entre as várias que o filme faz.
Tinha tudo para dar errado... E deu
O filme sofreu com vários cortes de cenas durante a edição final. Aliás, muitos momentos vistos no trailer não aparecem no longa.
A explicação para isso é simples: medo.
Depois do polêmico e macabro caso envolvendo Morgan Geyser e Anissa Weier, a Sony tomou muito cuidado para não apresentar qualquer tipo de cena que influenciasse de alguma forma negativa as mentes mais jovens.
Todas as partes de violência foram removidas do filme, fazendo com que fossem criadas gigantescas crateras na história. Por exemplo, algumas personagens simplesmente são ignoradas e não descobrimos o desfecho de suas histórias no longa.
A explicação final também é muito forçada e irritante, fazendo com que o espectador não saiba se ri ou joga pipoca na tela do cinema de tanta raiva.
Por que a lenda do Slender Man é polêmica?
Para quem não sabe, Geyser e Weiner são duas adolescentes que atacaram com 19 facadas uma colega, em 2014, supostamente a mando do Slender Man. As jovens afirmaram que levaram a amiga para o bosque na tentativa de oferecer a vida da menina em troca de não serem mais perseguidas pela criatura.
A adolescente sobreviveu ao ataque, enquanto que Geyser e Weiner foram condenadas a 40 e 25 anos, respectivamente, de internação em um hospital psiquiátrico.
Esse caso deu origem ao documentário "Cuidado com o Slender Man" (Beware the Slenderman), produzido pela HBO.
A origem de Slender Man
Ao contrário de muitas outras lendas que rondam a internet, a história de Slender Man é bastante conhecida. O personagem foi criado por Victor Surge (pseudônimo de Eric Knudsen), em 2009, como resposta a um concurso de Photoshop divulgado no fórum Something Awful.
O concurso pedia para que o usuário criasse uma imagem bizarra e uma história assustadora de background. Surge veio com o Slender Man e o personagem viralizou, se tornando um ícone na web.
Quer saber mais sobre essa lenda urbana, então confira o artigo abaixo: 👇