Quem disser que não torceu o nariz quando ouviu pela primeira vez que teria um filme do Shazam certamente está mentindo. O herói nem mesmo é famoso por esse nome (ele era Capitão Marvel até pouquíssimo tempo atrás)!
No entanto, uma coisa eu aprendi vendo filmes de herói: nem sempre o mais famoso gera os melhores filmes! E a DC acabou de provar isso de uma vez por todas. Shazam! foi hábil em pegar uma história que, apesar de existir desde os anos 1930, não tem um cânone completamente fechado, e aproveitar cada uma dessas liberdades.
O filme está longe de ser perfeito, mas é um ótimo sinal de que talvez a DC esteja a achar seu caminho nos cinemas, mesmo que isso signifique não construir universos complexos e grandiosos, mas histórias simples e divertidas.
A crítica abaixo não contém spoilers
Cânone? Que nada!
O filme começa apresentando o vilão, Dr. Silvana. O principal rival de Shazam tem duas origens diferentes nos quadrinhos. As duas são tão distintas que, de igual, o personagem carrega só o nome. Ao invés do longa escolher entre a seriedade usada pós-Novos 52 ou aquela coisa mais galhofa do Silvana clássico, a opção foi criar uma terceira versão!
Bem mais sisudo e parecido com a versão mais recente, o vilão de Shazam! move muito bem a trama e estabelece um contraponto consistente em relação ao herói.
As motivações são claras e, apesar de o personagem não ser exatamente muito profundo, podemos perceber aonde o personagem quer chegar e o que o levou a ser como é.
Billy Batson e sua família adotiva
O começo do filme nos faz sentir alguma pena de Billy: separado da mãe quando criança, vive sendo transferido de abrigos por sempre tentar escapar. O menino, que na verdade está atrás da família que perdeu há anos, não se mostra muito amigável quando passa a interagir com sua nova família adotiva.
A construção da relação de Billy com Freddy e com o restante seus novos familiares é progressiva e, apesar de em alguns momentos parecer acontecer rápido demais, condiz com a leveza que o filme pretende ter.
Freddy talvez seja o melhor personagem do filme: o garoto é praticamente uma representação dos fãs da DC nas telonas. Ele sabe tudo sobre heróis e nos envolve na empreitada de tentar descobrir quais são os poderes de Shazam! A relação entre Zachary Levi, Asher Angel e Jack Dylan Grazer torna isso ainda mais natural e divertido.
No arco final, a participação dos outros irmãos adotivos de Billy é ainda mais relevante, embora sem a profundidade do que foi construído com Freddy.
Um filme familiar
Algumas cenas de Shazam! podem até ser um pouco fortes: as representações dos Sete Pecados Mortais atacando os humanos pode impressionar um público mais infantil. No entanto, o filme não nega em nenhum instante que foi feito para uma audiência infanto-juvenil.
Apesar disso, seguindo a escola "Pixar de produções para todos os públicos", Shazam! não subestima seu público e nem deixa de fazer algumas piadinhas para agradar os adultos presentes na sessão.
Os pecados mortais de Shazam!
Apesar de a simplicidade e a pouca pretensão serem dois dos maiores méritos de Shazam!, fica difícil pensar em algo maior envolvendo o herói. Uma das cenas pós-créditos até levanta a bola para uma continuação, mas tudo parece tão bem amarrado que é difícil imaginar o Shazam em um universo compartilhado, por exemplo.
Se parte das críticas de Capitã Marvel (e dos filmes da Marvel Studios como um todo) é de que eles podem não se bastar sozinhos, é difícil imaginar Shazam numa trama mais ambiciosa. Shazam! parece ilhado em si próprio.
O arco final todo parece um pouco corrido demais. Vemos Billy passar boa parte do filme a tentar se entender com a natureza dos seus poderes e, ao final, o mesmo ocorre de uma forma muito rápida com outros personagens.
Ah, e os trailers! Após sair da sessão, fica fácil de entender o pobre do diretor xingando muito no Twitter após constantes pedidos por trailers novos. Muito da produção acaba entregue no material de divulgação, o que estraga parte da experiência de ver tudo no cinema.
Apesar de guardar boas surpresas apenas para as telonas, parte das piadas e até cenas de ação já apareceram em trailers e comerciais usados no marketing.
Uma descarga de energia da DC
Mesmo com suas limitações, talvez a maior característica de Shazam! é que este é um filme vibrante! David F. Sandberg foi capaz de deixar os fãs saírem do cinema com as baterias recarregadas pela energia da narrativa que leva para a tela.
É um filme que será revisto pelos fãs, mesmo que não seja para caçar pistas para uma sequência ou detalhes escondidos de um universo maior. Sandberg faz apenas um filme. E, embora isso soe tão pouco num mundo de universos de 10 anos de histórias amarradas, um único trabalho bem desenvolvido pode ser memorável.
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