Finalmente assistimos a Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage e Punho de Ferro juntos para salvarem Nova York. Mas será que esta é a grande série que faz justiça aos super-heróis? Confira nossa crítica sem spoilers a Os Defensores!
Oito episódios de pura diversão mas podia (e devia) ser melhor
Uma coisa temos a certeza: Os Defensores é uma boa série que diverte muito e é uma delícia para os fãs de cada um dos quatro super-heróis. Mas é por sermos fãs desses heróis e das suas séries que sentimos que sua primeira aventura em equipe poderia ter sido mais aprofundada.
Com as personalidades fortes de cada protagonista e as suas histórias individuais, existe a sensação de que muito mais do seu passado poderia ter sido aproveitado para esta série. Mas quando Os Defensores funciona – e tem momentos muito bons – descobrimos o quão fantástico é finalmente assistirmos aos heróis compartilhando cenas e dando aos fãs aquilo que tanto queriam ver.
Equilíbrio a quatro
Um dos pontos mais positivos de Marvel’s Defenders é o equilíbrio da equipe sem esquecer a individualidade de cada membro. A série faz um trabalho sensacional em combinar os vários tons de cada super-herói, desde o mais sombrio Demolidor ao descontraído Luke Cage, e isso mostra respeito pelos personagens que os fãs vão certamente apreciar.
Esta mistura equilibrada entre os protagonistas é ainda evidenciada pelas cores usadas nas suas cenas individuais, com os predominantes vermelho, púrpura, amarelo e verde se destacando para cada herói. Existe uma verdadeira química entre os atores, se destacando especialmente o relacionamento entre Luke Cage e Danny Rand e Murdock com Jessica Jones.
A personalidade cada Defensor tem espaço respirar e para ser explorada, gerando contrastes muito interessantes entre os quatro super-heróis.
Jessica Jones e Demolidor roubam a cena
Não há como negar: Krysten Ritter e Charlie Cox dominam a série com suas interpretações sensacionais de Jessica Jones e Matthew Murdock. É evidente a entrega dos atores aos seus personagens, demonstrando um realismo nas suas interpretações que faz com que Jessica e o Demolidor se destaquem ao longo de toda a temporada.
Esse é um Luke Cage superior
Em Os Defensores, Mike Colter mostra que superou suas limitações e o Luke Cage dessa série é muito mais genuíno que aquele que assistimos em sua série solo. Com um desempenho menos rígido e mais seguro de si, Colter demonstra que soube humanizar Cage de forma realista, indo além da sua interpretação como torre inquebrável.
Redenção do Punho de Ferro
Depois de Finn Jones não convencer como Punho de Ferro na sua série solo, em Os Defensores assistimos a uma evolução notável do ator e seu personagem. Com um roteiro muito superior, Finn Jones tem aqui muito mais espaço para desenvolver o seu Danny Rand e finalmente dar-lhe credibilidade.
Curiosamente, os outros Defensores demonstram várias vezes que não levam o Punho de Ferro a sério ou acham sua história ridícula, algo que tem tudo para fazer rir quem está assistindo. Pegando nas críticas dos fãs, as falhas do campeão de K’un-Lun são assim expostas e analisadas, surgindo uma construção interessante do personagem.
Mas não é só com piadas que Rand é tratado, existindo uma conversa particularmente importante sobre as questões raciais e de privilégio entre ele e Luke Cage. Esse diálogo serve para evidenciar falhas em Punho de Ferro que só agora ele começa a descobrir e a explorar. É especialmente importante assistir a Danny Rand reconhecer o seu estatuto e privilégio e a usar isso para o bem maior.
Uma das questões mais problemáticas na apresentação de Punho de Ferro na sua série solo foi a fraca qualidade dos combates. Em Os Defensores, existe uma grande evolução nesse detalhe importante do campeão de K’un-Lun, com o super-herói se mostrando muito mais capaz e com cenas de luta muito mais fluídas e bem executadas.
Uma boa história que não escapa a falhas
Os Defensores tem uma história cativante que prende a atenção do público do primeiro ao último episódio, mas é inegável que podia ter sido muito melhor. O final sofre especialmente com isso, com uma trama pouco trabalhada, soluções implausíveis e deixando pontas soltas que impedem que a conclusão seja verdadeiramente satisfatória.
Essa é uma série que beneficiava de mais episódios que dessem um maior foco em cada Defensor e no desenvolvimento das suas histórias individuais e em equipe. As séries solo Marvel / Netflix têm treze episódios mas Marvel’s Defenders tem apenas oito, e é visível que muito mais poderia ter sido conseguido com mais tempo.
Por fim, é uma pena que não tenha existido uma maior exploração e aproveitamento do que existe nos quadrinhos. O potencial para Os Defensores era muito grande e, embora seja uma aventura imperdível, os super-heróis e os fãs mereciam mais.