Alita: Anjo de combate estreou hoje nos cinemas brasileiros e o Aficionados correu para conferir como ficou a adaptação.
Apesar das cenas de ação super empolgantes, do visual cyberpunk muito bem trabalhado para causar estranheza e simpatia e um background capaz de despertar a curiosidade do público, o filme se perde em um romance insosso e oferece uma conclusão decepcionante.
Crítica 100% livre de spoilers!
Começou muito bem
Os primeiros 30 minutos de filme são realmente muito empolgantes. A apresentação do universo de Alita: Anjo de Combate é bem feita, deixando o espectador curioso para saber mais sobre os personagens e o contexto onde estão inseridos.
A cidade arruinada, humanos com partes mecânicas, a falta de regras e o ambiente hostil dão um clima típico de futuro distópico, bem aos moldes de Blade Runner: o Caçador de Androides. O personagem de Christopher Waltz, Dr. Dyson Ido, e seu trabalho noturno embalam o filme e enchem a gente de expectativa para ver a Alita em ação!
E o primeiro combate de Alita não decepciona: assim como em quase todas as cenas de luta durante o filme, Robert Rodriguez é capaz de oferecer um espetáculo visual divertido, que flerta de leve com os exageros e absurdos que o diretor gosta de usar.
Desenvolvimento confuso
O filme passa então a tentar aprofundar as subtramas que apresentou. Acontece que é tanto para se mostrar que o filme parece não mergulhar de fato em nenhuma das histórias que se propõe a contar.
Vemos Alita e os demais personagens saltarem de subtrama para subtrama sem que nenhuma delas decole de fato. Conforme o filme avança, vamos vendo se formar uma conexão entre todas elas que, embora não crie grandes furos, não surpreende.
O foco então passa a ser a relação de Alita com Hugo, que resulta num romance previsível e pouco empolgante. Os personagens secundários, que despertaram a curiosidade no primeiro ato, acabam ficando esquecidos pelo meio do caminho.
Conclusão decepcionante
O filme então se encaminha para uma conclusão meio sem graça. Embora apresente uma cena de combate no Motorball muito divertida, o desafio final de Alita é resolvido com pouca emoção.
O seu real inimigo sequer acaba por ser enfrentado, uma vez que o filme deixa seu final totalmente em aberto para uma continuação. Não é um problema dar margem à continuação. Acontece que Alita: Anjo de Combate simplesmente abre mão de apresentar qualquer conclusão que seja.
A audiência acaba frustrada por não ver um fechamento para a história o que pode causar rejeição ao invés de despertar o interesse pela eventual sequência.
Poderia ter sido incrível, mas...
Mesmo com suas falhas, o filme diverte com boas cenas de ação e cativa com o visual. O design da protagonista está entre o realista e o estranho, com traços que remetem a um anime preenchidos por texturas quase reais. A captura de movimentos ajuda a deixar tudo ainda mais natural e exótico.
Robert Rodriguez fez um bom trabalho em um projeto de dimensões muito maiores que seus filmes anteriores, embora parece ter sido vítima de escolhas para a franquia que acabaram prejudicando o filme em si.
A sensação que fica ao final é de que Alita: Anjo de Combate poderia ter sido incrível, mas se perdeu ao abrir mão de um universo rico para seguir por um caminho simplista. A falta de um encerramento digno, ainda que aberto para uma sequência, desanima o espectador em relação a um eventual segundo filme.