Afinal, a versão de Cavaleiros do Zodíaco da Netflix é tão ruim assim?

Não podemos mentir que muitos fãs entraram em um estado catatônico de êxtase quando a maior plataforma de streaming anunciou que adaptaria uma versão de Os Cavaleiros do Zodíaco. Uma parcela dessa galera ficou bem animada, como essa que vos fala, mas outra torceu o nariz e ficou naquela de não acreditar que o projeto daria certo.

Finalmente na sexta-feira, dia 19 de julho, a novidade ganhou espaço na Netflix e acabou conquistando muita gente para assistir e relembrar os bons tempos dos Cavaleiros de Atena. Muita gente gostou? Claro que não. Mas por que essa massa rejeitou logo de cara o anime?

É por isso que decidimos tentar passar uma visão, de fã para fã, da adaptação do desenho que na década de 90 virou febre e conquistou muita gente no decorrer dos anos.

Do começo pra quem não conhece

Os Cavaleiros do Zodíaco

Antes de tudo, vamos relembrar um pouco a história do anime. Os Cavaleiros do Zodíaco é um anime baseado no mangá de Masami Kurumada, que foi exibido na TV Manchete e, alguns anos depois, pela TV Bandeirantes (inclusive, eu acompanhei de pertinho essa época).

A história conta que, a cada 100 anos, a deusa da sabedoria, Atena, reencarna no corpo de um bebê para que continue protegendo a Terra. E junto com ela, novos cavaleiros renascem, com a missão de proteger a deusa enquanto seus cosmos queimarem. Eles são chamados de Cavaleiros do Zodíaco e cada um segue sendo representado por uma constelação.

Agora que a gente entendeu um pouco da premissa do anime, vamos ao ponto principal: por que tem muita gente torcendo a cara para a nova versão dos cavaleiros?

Pontos positivos e negativos

Seiya de Pégaso na nova versão adaptada da Netflix

Eu, particularmente, sou fã desde que me entendo por gente da história dos Cavaleiros de Atena e, quando fiquei sabendo sobre nova produção, deixei que o meu surto fosse elevado ao extremo. Quando foi lançado oficialmente, minha maior surpresa foi ver que muitos dos dubladores do anime original retornam em seus respectivos personagens.

Isso foi uma das motivações que me levaram a assistir até o final. Não tem preço você ouvir as vozes que acompanharam seus personagens favoritos quando criança na atualidade também. Um importante ponto que a Netflix ganhou com essa surpresa.

Apesar de parecer meio infantil (e eu explico o porquê no final deste artigo), a dinâmica dele é rápida, sem enrolações. O problema é que, para não demorar tanto apenas em uma fase do anime, eles excluíram e aceleraram muitas cenas, de modo que você olha e pensa "nossa, mas já estamos aqui?".

Na pegada de Desencanto, os memes estão presentes na dublagem brasileira. Mas, diferente da animação de Matt Groening, a Netflix soube dosar bem esse recurso com os heróis e existe um momento em específico, o que me surpreendeu bastante, em que o meme é tão bem usado que nem parece uma piada de internet.

Mesmo não sendo algo com que os fãs mais antigos estejam acostumados, a forma 3D usada para a animação não deixa a desejar. Causa estranhamento no começo, mas é algo que dá para relevar, e você consegue enxergar seus personagens favoritos ali, mesmo em uma nova versão.

Se você acha que vai encontrar muito sangue como na versão original, pode ir parando por aí. Isso foi algo que eles praticamente excluíram da animação. Ainda tem os combates e tudo mais, porém sangue explícito não é algo que está presente na adaptação.

A polêmica da Shun

As duas versões de Shun de Andrômeda

Um dos assuntos principais que está incomodando muita gente é a história da Netflix mudar o gênero do Cavaleiro de Andrômeda. Shun, nesta nova versão, é uma garota e, por mais que eu tentasse enxergar o lado positivo disso, eu não consegui.

Tudo bem que, quando eu era apenas uma menininha, eu não queria ser a mocinha indefesa e que precisava de ajuda para ser salva. Eu queria ser parte dos cavaleiros, lutar ao lado deles. Mas essa mudança foi mesmo necessária?

Não só eu, mas muitos fãs com que eu tive contato e questionei a opinião de cada um reclamaram bastante desse ponto. E eu cheguei à conclusão de que foi um comodismo que encontraram ao fazer essa versão para o desenho.

Você que é fã, quando era criança, não se lembra do quanto o cavaleiro era zoado por ser sensível e até mesmo pela sua armadura? É exatamente a esse ponto que eu quero chegar.

É bacana? Pode até ser, porque muitas meninas podem ver que elas podem fazer as mesmas coisas, afinal representatividade importa. Mas se fosse para mudar mesmo, porque não escolher outro personagem? Por que exatamente o Shun, que era ridicularizado e alvo de chacota por odiar brigas, ser um pouco mais sensível que os outros e outros tantos adjetivos que lhe deram?

Entende aonde eu quero chegar? Tiraram a essência de um personagem, que mostrava que, mesmo sendo diferente dos outros, ele podia ser um cavaleiro. Que não tem problema se um garoto não gosta de brigas, se ele é mais sensível que o amigo ou qualquer outra coisa.

Essa era a essência do Shun, e isso infelizmente foi dizimado e acomodado colocando o mesmo personagem como uma garota (além de fortalecer o esteriótipo da "menina sensível").

Conclusão

Nova versão de Os Cavaleiros do Zodíaco

Os fatos aqui são: não adianta você xingar na internet, arrumar confusão e nada do gênero, sabe por que? Porque essa nova versão não foi feita exclusivamente para os fãs antigos. A Netflix já falou isso, os dubladores brasileiros já falaram isso e eu, como fã, te falo isso.

A lenda diz que Atena renasce a cada 100 anos na Terra e agora é mesma coisa. Eles renasceram o anime, só que dessa vez o público alvo deles não são os fãs antigos, é a nova geração.

A geração que não conhecia Cavaleiros do Zodíaco, que não conhecia She-Ra e passou a conhecer graças a uma nova adaptação, e que irão conhecer outras histórias que nós conhecemos quando crianças, mas de uma forma diferente.

Knights of the Zodiac, como é chamado na plataforma, traz toda a lembrança nostálgica para uma geração sim. Eu falo isso porque foi como eu me senti, mas essa versão não foi feita para mim infelizmente.

Modificaram pontos importantes, mudaram detalhes, refizeram as armaduras, mas para apresentar para uma nova geração que possa gostar dos heróis tanto quanto nós, da antiga geração, gostamos.

Ele não é de todo ruim, mas alguns pontos que você encontra assistindo aos 6 episódios fazem você questionar o porque disso tudo. Dá para se divertir e relembrar os bons tempos, com toda certeza. Mas a realidade é: se você quer algo fiel ao que era, assista a obra original. Essa nova versão não foi feita pra você.

Knights of the Zodiac: Saint Seiya está disponível na Netflix.

Atualizado em
Mariana Lapeloso
Mariana Lapeloso
Mariana é estudante de jornalismo, geek, redatora e se arrisca a escrever algumas histórias em seu tempo livre.